Nossa Filosofia

Cada criança guarda dentro de si, a força criadora futura para criar um mundo em que a ética com si mesmo e o outro seja o seu valor primordial.

Quando falamos da realidade de força criadora encontrada nessa criança, uma das reflexões mais centrais é a respeito sobre o que aconteceu com essa sua força, ao nos depararmos com a realidade expressa das relações sociais de violência com si, com o outro e com o mundo.
A busca incessante da beleza e da perfeição do corpo possa ser um inicio de exemplo da falta de amor a si mesmo, uma busca que coloca em risco a própria vida, expressas em transtornos como bulimia e aneroxia. São muitos os exemplos, que se prioriza a forma do corpo e o desejo por formas de prazer, e mesmo que isso seja um risco eminente de morte, essa busca sobrevive.
Ao existir essa ausência, desse eixo central e que salvaguarda a sua existência em harmonia e alegria no e com o mundo, essa mesma relação de violência com si mesmo torna-se uma conduta e prática com o outro ser humano e com tudo aquilo que se expressa como vida, aquilo que constitui a Natureza, como a água, a terra, plantas, animais e os seres microscópios
Todos os dias, assistimos práticas que desconstroem a vida na terra .Os exemplos sociais, ensinam continuamente essa desconstrução, todas as vezes em que práticas de violência, são socialmente aceitas e ditas como normais. Já no início da vida humana, o ser, recém chegado é acometido por essa violência descabida junto de sua mãe, expressa pela cisão no elo de amor entre eles, através do incentivo as cesáreas desnecessárias e a separação da mãe e o bebe logo após o nascimento. Os exemplos denunciam a grande dificuldade do ser humano em ser amado e amar.
Quando olho uma criança, olho para meus filhos e vejo na inocência um caminho, um começo de resposta em relação de qual maneira eu posso encontrar uma forma de fazer expandir a força criadora e transformadora dentro deles e de todas as crianças..
Ao receber um abraço dos meus filhos, eu abraço essa oportunidade única de conquista desse caminho, que é a minha inigualável presença de mãe em suas vidas a maior parte do tempo. No abraço recebo o amor mais puro e único que possa existir nesse mundo, pois o recebo de alguém, que naquele momento de infância, é a pessoa que mais me ama, com todas as forças de sua existência. Entretanto, observo que esse caminho, dia a dia, vem se diluindo, a medida que a presença cuidadora e zelosa das mães, é de alguma maneira tomada ou consentida, e por conseguinte substituídas pelas Escolas ou creches. Dessa forma, esse abraço, tão vigoroso, fica em um eco confuso e perdido entre os pais e os filhos, a medida que a Escola passa a fazer mais parte da vida dos filhos.
Sentir-se amado é parte importante na construção da auto estima, sentir-se correspondido no amor é um processo diretamente dependente daquilo que fazemos a criança, para atender de forma plena suas necessidades emocionais e fisiológicas, ou seja, o amor, antes de tudo é mais compreendido por elas através das nossas ações, mais que as palavras
Todo o meu empenho, é para a conquista desse espaço tão vital, entre mães e filhos, temporariamente perdido. Um espaço de apoio ao amor, o de cuidar e estar integralmente, com o corpo e a alma, na vida dos nossos filhos de uma forma feliz e prazerosa, em todos os momentos de sua vida, incluindo a gestação e o parto. Pois acredito que o amor vivido em sua plenitude, pode igualmente ser dividido e capaz de construir outros valores, e um outro mundo sobre o preceito de amar verdadeiramente o próximo como a si mesmo. Apenas com esse valor conquistado podemos concretizar os ideais do nosso coração.



domingo, 1 de maio de 2011

NUNCA É TARDE - Laura Gutman

NUNCA É TARDE.

www.maternidadeconsciente.com.br

“Qualquer instante pode ser a ocasião perfeita para compartilhar a mudança que alguém decidiu assumir. Não há lição mais virtuosa que compartilhar com os filhos o “dar-se conta” e a intenção, a firme intenção, de se tornar, a cada dia, uma pessoa melhor. Definitivamente, para um filho, é extraordinário encontrar-se com a simples e suave humanidade dos pais que procuram seu destino a cada dia” (LAURA GUTMAN)

Mudar é melhor que arrepender-se, pois quando mudamos assumimos a postura de transformar a nossa vida e a do outro com o objetivo que a alegria floresça em nossa vida e na de nossos filhos. Esse texto, escolhido com muito bom gosto e sensibilidade pela Maternidade Consciente, de Laura Gutman, trago aqui para vocês, para que, de maneiras criativas possamos resignificar nossas vidas, nesse caminho com nossos amados filhos.

Um dia qualquer, aparece um mestre, um livro, um amigo ou um pensamento que muda o curso de nossas arraigadas crenças. Dentro desta virada pessoal, o que fizemos com nossos filhos não nos agrada. Hoje não faríamos o mesmo. Nós mudamos. Mas o que não podemos mudar é o passado.

Pois bem, chegou o momento de reconhecer que já não cabe em nosso ser interior uma modalidade antiga, baseada no preconceito ou no medo. Talvez fôssemos exigentes demais com nossas crianças, crendo que fazíamos o correto, mas o fato é que estávamos distantes de nossos sentimentos amorosos. Quem sabe nós tenhamos maltratado-lhes sutilmente. Nós mentimos para eles e hoje são um pouco desconfiados, nós não somos de confiança para eles. Nós desprezamos e subestimamos seus sentimentos. Exigimos obediência e nos responderam com rebeldia. Fizemos ouvidos surdos às suas reclamações e agora eles já não nos escutam.

Os anos passaram e queríamos rebobinar a vida, como num filme, para fazer as coisas de outro modo. Pois bem, há, sim, algo que é possível se fazer hoje: nós nos darmos conta. E uma vez que tenhamos feito isto, falar sobre isso com nossos filhos. Mesmo se eles tiverem dois anos, ou cinco, ou quatorze, vinte e seis, quarenta ou sessenta anos. Pouco importa. Nunca é tarde. Sempre é o momento adequado, quando humildemente geramos uma aproximação afetiva para falar de alguma descoberta pessoal, de uma ânsia, um desejo ou de novas intenções. Para uma criança pequena, é alentador escutar a mãe ou o pai a pedir-lhe desculpas, comprometendo-se a oferecer maior cuidado e atenção. Para um adolescente, é uma extraordinária oportunidade falar com algum de seus pais em intimidade respeitosa, nunca antes estabelecida entre eles. Para um filho ou filha adultos, é uma porta aberta para formular-se perguntas pessoais. Para um filho maduro, é tempo de conforto e de profunda compreensão dos ciclos vitais.

Qualquer instante pode ser a ocasião perfeita para compartilhar a mudança que alguém decidiu assumir. Não há lição mais virtuosa que compartilhar com os filhos o “dar-se conta” e a intenção, a firme intenção, de se tornar, a cada dia, uma pessoa melhor. Definitivamente, para um filho, é extraordinário encontrar-se com a simples e suave humanidade dos pais que procuram seu destino a cada dia.

Texto original de Laura Gutman: Nunca es tarde

Tradução livre feita por Flavia Penido
Revisado por Amano Bela

Nenhum comentário:

Postar um comentário